quarta-feira, 1 de agosto de 2012


PROTOCOLO PINA
Jacqueline Silva Mendes/ 2012-1

“Suas peças apresentam um caos generalizado, sob certa ordem, favorecendo processo sobre produto (...) provocando experiências inesperadas (...)” (FERNANDES, p. 18).

Ver Pina é mágico!

É expandir nossos conhecimentos do que é possível em dança, é estranhamento, é estar em casa, é sinergia, é sensação, é força, é fragilidade, é fragmento, é continuidade, é amor, é solidão, é transformação, é diálogo, é comunicação, é coletivo...
Tudo isso e mais, é o trabalho de Pina!
Em nossas aulas levantamos vários procedimentos percebidos no trabalho da Pina Bausch, foram:

·         Repetição de movimentos e palavras;

A repetição de algum gesto ou movimento nos causa estranhamento, mas também nos possibilita observar melhor o movimento até esse movimento se tornar belo de tanto ser repetido. A Ciane Fernandes nos aponta também para este caminho quando afirma que “Nas distorcidas estruturas de espelho das peças, a repetição de movimentos ou de palavras constantemente os modifica, multiplicando suas significados.” (p. 37). E esta repetição também nos possibilita ver o gesto de outra forma, mudando seu significado inicial, ampliando as possibilidades de significações. “Quando um gesto é feito pela primeira vez no palco, ele pode  ser (mal) interpretado como uma expressão espontânea. Mas quando o mesmo gesto é repetido várias vezes, ele é claramente exposto como um elemento estético.” (FERNANDES, p. 23).

·         Estranhamento
·         Pergunta-estímulo
·         Depoimento pessoal

Foi muito interessante responder a determinadas perguntas com nosso corpo, com nossa dança pessoal, criar sensações, sentimentos, nossa percepção corporalmente de uma palavra, “a imagem corporal, é então a repetição do mapa ambiental ou sociofamiliar (...)” (FERNANDES, p. 25). Finalizando este comentário, trago a citação da FERNANDES:

“(...) As obras de Bausch não parecem buscar uma quebra da barreira entre a representação cênica e a vida. Ao contrário, seus trabalhos incorporam movimentos e elementos da vida diária justamente para demonstrar que são tão artificiais quanto a apresentação cênica. E esta demonstração, como será visto posteriormente, é feita pela repetição de ambos – movimentos e palavras. Espontaneidade é uma inesperada, imprevisível, que pode acontecer apenas por meio de tais repetições.” (p. 20).

·         Gesto simbólico (deslocamento do gesto do contexto original, mescla de gesto cotidiano e mecanizado...)
·         Disjunção da ação corporal em relação à ambiência
·         Obstáculos reais (surreais) ao movimento
·         Estranhamento com o texto, ação verbal, sonora
·         Oposições de ações, justaposição com elementos contraditórios,
·         Deslocamento da experiência física
·         Sobreposição de gestos
·         Recorte e colagem
·         Abertura para o acaso

Nutridos das leituras iniciamos as práticas baseadas nos procedimentos acima, onde cada aluno trazia uma citação corporal de algum trabalho desenvolvido pela Pina e posteriormente também trouxemos perguntas que seriam respondidas corporalmente.
Participar dessa experiência foi muito significativa, porque nos levava a fazer movimentos inusitados, movimentos do cotidiano, mas de forma descontextualizada, esse trabalho levou o meu corpo a experenciar movimentos que não sabia que caberia numa partitura corporal, para apresentações de dança.
A experiência de vivenciar uma partitura corporal num diálogo com a cidade de São Paulo foi um pouco confusa, pensava em uma pergunta, mas não conseguia criar nenhuma pergunta, então minha pergunta foi: Qual é a pergunta? Existiu um nervosismo por fazer algo na rua, mas depois foi tão rápido e pronto já tinha terminado.
Quando vi o trabalho final, o filme com todos juntos, foi muito interessante, os fragmentos de certa forma dialogavam, não entre si, mas com a cidade, a cidade era o elo.

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