segunda-feira, 25 de junho de 2012



Protocolo Módulo Pina Bausch
Aluno: Luiz Fernando Bongiovanni Martins
Citações...

“I'm not so interested in how they move as in what moves them.” 
“To understand what I am saying, you have to believe that dance is something other than technique. We forget where the movements come from. They are born from life. When you create a new work, the point of departure must be contemporary life -- not existing forms of dance.” 
“When I first began choreographing, I never thought of it as choreography but as expressing feelings. Though every piece is different, they are all trying to get at certain things that are difficult to put into words. In the work, everything belongs to everything else -- the music, the set, the movement and whatever is said. I don't know where one thing stops and another begins, and I don't need to analyze it. It would limit the work if I were too analytical.” (New York Times, September 29, 1985)
Pina Bausch
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Tradução livre
“Eu não estou tão interessada em como eles se movem tanto quanto em o quê os move.”
“Para entender o que eu estou falando, você tem de acreditar que a dança é outra coisa que a técnica. Nós esquecemos de onde vem os movimentos. Eles nascem da vida. Quando você cria um novo trabalho, o ponto de partida deve ser a vida contemporânea - não formas existentes de dança.”
“No início, quando eu comecei a coreografar, eu nunca pensei nisso como coreografia mas como expressão de sentimentos. Embora todas peças sejam diferentes, elas estão todas tentando endereçar certas coisas que são difíceis de colocar em palavras. No trabalho, tudo pertence a tudo mais -- a música, a cenografia, o movimento e o que quer que seja dito. Eu não sei onde uma coisa pára e outra começa, e eu não preciso analisar isso. Isso limitaria o trabalho se eu fosse analítica demais.” ( New York Times, 29 de Setembro de 1985)
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A Pina foi uma das razões para eu começar a dançar e com ela eu escutei pela primeira vez algo que mais tarde ficou muito evidente: dançamos aquilo que as palavras não alcançam.
Refletindo sobre isso hoje e sobre a aproximação que o teatro contemporâneo parece ter com a dança, sinto uma grande sintonia entre estes mundos.
É interessante que numa sociedade cada vez mais intelectualizada, onde as palavras, o pensamento e a lógica tenham tanta importância, uma voz tão distinta fique no ar, tão forte e por tanto tempo. J.F. Duarte, em seu livro O Sentido dos Sentidos,  esclarece isso de modo muito elegante: 

“... o inteligível e o sentido vieram, pois, sendo progressivamente apartados de si e mesmo considerados setores incomunicáveis da vida, com to da ênfase recaindo sobre os modos lógicos conceituais de se conceber as significações.”
Pina, no seu esforço para utilizar o corpo na sua totalidade expressiva, parece refletir constantemente sobre os mesmos assuntos: o homem e a vida. E homem no sentido de homem e mulher, já que o feminino toma um lugar de destaque em sua obra.
E a respeito da sua obra, um excerto do texto de Solange Caldeira a respeito do seu único filme, me auxiliou a colocar em palavras aquilo que sempre tive a impressão, não só sobre o filme, mas a respeito de todo seu trabalho:
O Lamento da Imperatriz, aponta para o personagem-cidade, que está lá, com suas pedras, ruas e bosques, e o sujeito incerto que figura nessa geografia pessoal. Porém, entendendo-se a simbologia da cidade como universal, por analogia, temos o sujeito contemporâneo perdido, feito de traços e pedaços, na busca incessante da felicidade”.
O texto na íntegra está no link:
Com isso em mente, o livro de Licia Maria Morais Sánchez, A Dramaturgia da Memória no Teatro-Dança, encontrou terreno propício para uma série de reflexões.
Pina trabalha de maneira sistemática com o que se convencionou a chamar e pergunta-estímulo. São perguntas ou frases afirmativas em que o artista colaborador apresenta ou elabora uma solução resposta na forma de uma cena.
Coisas do tipo:
“Quando você não pode mais pensar, o que você pensa?”.
“Mendigar com orgulho”.
“Descrever um touro em movimento”.
“Descrever com as mãos um retrato falado”.
“Três gestos típicos seus”.
“Destruir a si próprio”.
“Como fazer um anjo de diabo?”.
“Uma forte reação, ou uma ração a alguma coisa”.
E dentre tudo o que vi o que mais me chama a atenção é a lista de aspectos “desejáveis” na resolução de uma pergunta-estímulo. Embora ela não possa ser encarada como uma receita, ela ajuda fortemente a se ter em mente o tipo de conduta incentivado em Wuppertal.
  1. Seja você mesmo
  2. Não atuar
  3. Ser justo ao tema, mas não ser óbvio
  4. Não intelectualizar
  5. Ser simples
  6. Não banalizar
  7. Não querer mostrar o que se quer dizer
  8. Não ser abstrato
  9. Não caricaturar

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